O dia nasce, as janelas são abertas e o sol entra no quarto. Enquanto observo a imensidão da complexidade das relações humanas, o tempo se esvai lentamente na corrida dos ponteiros do relógio. O jornal televisivo, ao tentar me desinformar acaba me despertanto, e as propagandas comerciais enquanto tentam me alienar acabam me engajando ainda mais na luta pela integração.
Meu trabalho é simples, escuto os problemas das pessoas e encontro soluções jurídicas para eles. Como disse um dia Rui Barbosa, "não fujo de minhas responsabilidades senão quando minha moral ás repelem". Se fossem só os meios de comunicação que estivessem tentando me cegar eu até ficaria feliz, porque a resposta para os meus problemas estaria no simples apertar de um botão (on/off). Infelizmente, a prática humana está tão contaminada pelo paradigma egocêntrico do ser e do viver que, diariamente, somos obrigados a observar situações, no mínimo desconfortáveis.
Não me recordo a data, mas quem escreve sobre isso é Leonardo Boff. Ele narra a história de James Aggrey, um político ganense que conta a fábula da águia e as galinhas. Não sei se essa história é do conhecimento de vocês (espero que seja), mas de vez em quando me pego questionando até onde esta história é realmente uma metáfora da condição humana, e não realidade.
E não é de hoje que se discute isso. Sócrates, em seu tempo já ensinava que a primeira (e a maior) das virtudes humanas é reconhecer a própria ignorância. O homem virtuoso nasce para vida e renasce no conhecimento (maiêutica socrática). Contudo, importante salientar que o princípio basilar do conhecimento é a transmissão dele com humildade, a mesma com a qual Sócrates ensinava seus discípulos. Talvez o ser humano não consiga se sentir completo porque esquece uma parte fundamental do ser, o "ser com".
Olhar o mundo pelos olhos do próximo, flexibilizar seus conceito em respeito e tolerância aos direitos do próximo. Quem sabe esta não seja a resposta... realmente, pode ser que seja.
Chico Xavier disse uma vez que a ninguem é concedido poder ir ao futuro e mudar o fim, mas sempre poder fazer um novo começo, e isso se faz agora.
Realmente, não sei o que a vida reserva para mim, mas sei com certeza que devo ter fé no ser humano.
Um novo começo foi escrito, agora, só nos cabe esperar pelo fim.
